Dr. João Cruz Nascimento

Retinopatia Diabética e Edema macular Diabético

O que é retinopatia diabética?
A retinopatia diabética é uma das complicações da diabetes e é a principal causa causa de cegueira antes dos 50 anos de idade, Alterações estruturais ocorrem nos vasos sanguíneos da retina, os vasos deixam de ser patentes e libertam sangue ou fluido sanguíneo para o espaço intra-retiniano ou para o vítreo.
Quais os factores de risco?
Os dois principais factores de risco para o desenvolvimento das complicações oculares da diabetes relacionam-se com o tempo de evolução da diabétes e o grau de controlo metabólico. Esta doença tanto pode surgir nos diabéticos tratados com anti-diabéticos orais (diabetes tipo 2) como nos medicados com insulina (diabetes tipo 1). A retinopatia diabética não está só dependente dos valores da glicemia, mas também de outros fatores como a hipertensão arterial, colesterolemia, hábitos tabágicos e carga genética
O exame do fundo ocular deve ser realizado pelo menos uma vez por ano. Mediante o estadio da retinopatia diabética, o oftalmologista deve orientar o doente no sentido de impedir a sua progressão.
A retinopatia diabética, nas grávidas (diabetes gestacional), pode evoluir mais rapidamente, sendo aconselhável que todas as grávidas efetuem exame de fundo ocular no início da gravidez e no pós-parto.
Em relação a outras doenças dos olhos que afetam os diabéticos é de destacar a catarata (opacificação do cristalino) que pode desenvolver-se mais precocemente nas pessoas portadoras de diabetes.
A retinopatia diabética progride por vários estadíos, consoante as lesões apresentadas na retina e pode causar perda de visão severa ou até mesmo conduzir à cegueira. Podemos entender os estadíos da doença como as sua fases ou graus de gravidade (classificação da evolução da RD)
Retinopatia diabética proliferativa
A retinopatia diabética proliferativa é a fase mais avançada da doença, sendo caracterizada pelo aparecimento de novos vasos na superfície da retina e da papila. Estes vasos sanguíneos são frágeis e possuem finas e frágeis paredes podem romper e libertar sangue na cavidade vítrea, provocando perda de visão severa e até mesmo cegueira. A retinopatia diabética proliferativa, se não for tratada atempadamente, pode causar perda severa da visão. Com a evolução formam-se membranas fibrovasculares que exercem tração sobre a retina provocando descolamentos da retina mos estadios mais avançados.
O edema macular diabético pode ocorrer em qualquer estadio da retinopatia diabética, constituindo a principal causa de perda visual nos diabéticos. O edema macular é causado por acumulação de líquido na zona mais importante da retina, a mácula. Cerca de metade da pessoas com retinopatia proliferativa também apresentam edema macular
Tratamento
O tratamento das complicações oftalmológicas da retinopatia diabética podem ser realizadas recorrendo ao laser, aos tratamentos intravítreos com anti-VEGF e corticoides ou recorrendo a vitrectomia
No edema macular Diabético
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As drogas anti-VEGF demonstraram ser uma opção terapêutica eficaz e segura no tratamento do EMD constituindo actualmente a primeira linha de tratamento no EMD que envolve o centro da fóvea
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O uso de corticoesteróides como 1ª linha poderão estar indicado em situação particulares como em doentes previamente operados a catarata e em doentes nos quais os anti-VEGF estejam desaconselhados ou contra-indicados,
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O tratamento deve ser individualizado e pode.ser necessário recorrer a tratamentos combinados com várias categorias de farmacos ou associando Laser e/ou cirurgia.
Na retinopatia diabética proliferativa
A caracterização da Retinopatia diabética em diferentes graus de gravidade é um passo importante no planeamento da abordagem terapêutica: laser / anti-VEGF ou vitretomia, em monoterapia ou em combinação terapêutica.
O melhor tratamento para a retinopatia diabética é, naturalmente, a prevenção. Infelizmente, a doença progride, muitas vezes, para fases em que a perda de visão é irreversível porque não existe uma correta prevenção ou não existe um tratamento atempado.
Durante os primeiros estadios da retinopatia diabética, não há necessidade de efetuar, nenhum tratamento, a menos que se verifique a presença de edema macular.
1- Um dos tratamentos disponíveis na retinopatia diabética é o laser árgon. Normalmente, são necessárias 3- 4 longas sessões de laser, para completar o tratamento. Embora possa haver complicações com o tratamento com laser, como diminuição de visão e campo visual periférico, redução da visão das cores e da visão noturna, a acuidade visual que resta permanece estável ou pode até melhorar.
2- Se houver hemovítreo (sangue no vítreo), o doente pode precisar de realizar uma vitrectomia para recuperar a visão. A vitrectomia será ainda necessária qundo se desenvolvem proliferações fibrovasculares que induzem descolamentos da retina tracionais ou mistos.
A vitrectomia é realizada sob anestesia local ou geral. Um pequeno instrumento (vitrectomo) é utilizado para remover o vítreo com sangue. O gel vítreo é substituído por solução salina (BSS).
A vitrectomia é, habitualmente, realizada em regime de ambulatório. O olho pode ficar vermelho, ligeiramente mais sensível e a oclusão ocular é normalmente de apenas 12-24 horas. No pós-operatório são administrados colírios (gotas) de antibióticos e anti-inflamatórios durante cerca de 2 -3 semanas.
Retinopatia diabética - como prevenir?
Sendo a retinopatia diabética uma das possíveis complicações da diabetes, o melhor tratamento é a prevenção. As consequências da diabetes podem ser devastadoras não só para os olhos, mas também para outros órgãos vitais.
Um controlo adequado dos níveis de açúcar no sangue retarda não só o aparecimento e a progressão da retinopatia como a necessidade de tratamentos médicos ou cirurgia, de forma a preservar a visão.
O diabético deve fazer exame de fundo ocular no oftalmologista, pelo menos uma vez por ano e deve saber que a retinopatia diabética proliferativa pode desenvolver-se de forma assintomática (sem sintomas).
A deteção precoce da retinopatia diabética e o respetivo tratamento podem evitar a evolução para a perda da visão. As pessoas com retinopatia diabética proliferativa podem reduzir o risco de cegueira em 95%, se o tratamento for conveniente e os cuidados de acompanhamento adequados.
